quarta-feira, 4 de abril de 2012

A Fé: uma Doutrina Incompreendida - A.W.Tozer

No esquema divino da salvação, a doutrina da fé é essencial. Deus dirige suas palavras à fé, e onde não existe fé, é impossível uma verdadeira revelação. "Sem fé é impossível agradar a Deus." 

Cada um dos benefícios derivados da expiação de Cristo chega ao indivíduo pela porta da fé. Perdão, purificação, regeneração, o Espírito Santo, todas as respostas à oração, são concedidas à fé e recebidas pela fé. Não existe outro meio. Esta é uma doutrina evan­gélica comum e aceita onde quer que a cruz de Cristo é compreen­dida. 
Pelo fato de a fé ser tão vital a todas as nossas expectativas, tão necessária ao cumprimento de cada uma das aspirações de nosso coração, não ousamos tomar nada como certo em relação a ela. Uma coisa que abrange tanto bem e tanto mal, que na verdade decide nosso céu e nosso inferno, é demasiado importante para ser negli­genciada. Não nos é possível de modo algum manter-nos não-informados ou mal-informados. É preciso saber. 

Meu coração se manteve durante muitos anos preocupado com a doutrina da fé, como ela é recebida e ensinada entre os cristãos evangélicos por toda parte. Grande ênfase é dada à fé nos círculos ortodoxos, e isso é bom; mas continuo preocupado. Meu temor específico se prende ao fato de o moderno conceito de fé não ser bíblico. Quando os professores de hoje usam a palavra, eles não têm em mente o mesmo significado que os escritores bíblicos lhe deram, se­gundo penso. 

As causas de minha preocupação são as seguintes: 

1. A falta de um fruto espiritual na vida de tantos que afir­mam ter fé. 

2. A raridade de uma transformação radical na conduta e pers­pectiva geral das pessoas que professam sua nova fé em Cristo como seu Salvador pessoal. 

3. O fracasso de nossos professores em definir ou mesmo descre­ver aquilo a que a palavra fé deveria referir-se. 

4. O fracasso completo de multidões de interessados, por mais sinceros que sejam, de tirar qualquer proveito da doutrina ou receber através dela qualquer experiência satisfatória. 

5. O perigo real de que uma doutrina tão servilmente imitada e recebida sem críticas por tantos seja tão falsa quanto a compreen­são que têm da mesma. 

6. Tenho visto fé sendo apresentada como um substituto à obe­diência, uma fuga da realidade, um refúgio da exigência de racio­cinar, um esconderijo para um caráter fraco. Conheci pessoas que davam o nome de fé aos espíritos de animais superiores, ao otimis­mo natural, às emoções e a tiques nervosos. 

7. O bom senso comum deveria dizer-nos que qualquer coisa que não transforme a pessoa que a professa, também não faz dife­rença para Deus. Não podemos deixar de observar que para um nú­mero incontável de pessoas a mudança da falta de fé para a fé não faz uma diferença real na vida delas. 

Talvez seja útil saber primeiro o que a fé não é. a fim de podermos entender aquilo que ela é. Não é acreditar numa declaração que sabemos ser verdadeira. A mente humana foi feita de tal forma que acredita necessariamente quando a evidencia a ela apresentada é con­vincente. Não pode agir de outro modo. Quando a evidência não conse­gue convencer, a fé é impossível. Nenhuma ameaça ou castigo consegue obrigar a mente a crer quando existe evidência clara em contrário. 

A fé baseada na razão é um tipo de fé, mas não se trata do ca­ráter da fé bíblica, pois segue infalivelmente a evidência e não pos­sui uma natureza moral ou espiritual. A ausência de fé baseada na razão também não pode servir para condenar ninguém, pois a evi­dência e não o indivíduo é quem decide o veredicto. Enviar um ho­mem para o inferno pelo único fato de seguir a evidência até a sua conclusão adequada seria demasiada injustiça; justificar um pecador dizendo que ele tomou suas decisões segundo fatos claros seria fazer da salvação o resultado das operações de uma lei comum da mente, aplicável tanto a Judas como a Paulo. Seria tirar a salvação da es­fera da vontade e colocá-la num plano mental, onde, segundo as Es­crituras, ela certamente não se enquadra. 

A verdadeira fé se apóia no caráter de Deus e não pede outras provas além das perfeições morais d'Aquele que não pode mentir. Basta que Deus tenha afirmado, e se a declaração for contrária a cada um dos cinco sentidos e a todas as conclusões da lógica, o crente mesmo assim continua crendo. "Seja Deus verdadeiro e mentiroso todo homem" (Rm 3:4), é a linguagem da fé real. O céu aprova tal tipo de fé porque ela se eleva sobre as simples provas e se apóia no seio de Deus. 

Em anos recentes tem havido um movimento entre certos evan­gélicos no sentido de provar as verdades bíblicas apelando para a ciência. É buscada evidência no mundo natural, a fim de apoiar a revelação supranatural. Flocos de neve, sangue, pedras, criaturas ma­rinhas estranhas, pássaros e muitos outros objetos naturais têm sido apresentados como prova de que a Bíblia diz a verdade. Isto tem sido considerado como um grande aliado da fé, afirmando que se uma doutrina bíblica puder ser provada como verdadeira, a fé irá brotai e florescer em resultado disso. 

O que esses irmãos não percebem é que o próprio fato de eles sentirem a necessidade de buscar provas para as verdades das Es­crituras traz à luz algo completamente diverso, a saber, sua própria descrença básica. Quando Deus fala, a incredulidade pergunta: "Co­mo posso saber se isso é verdade?" EU SOU O QUE SOU é a única base para a fé. Escavar entre as rochas ou pesquisar as profundezas dos mares a fim de conseguir evidência para apoiar as Escrituras é insultar QUEM as escreveu. Acredito sinceramente que isto não é feito intencionalmente, mas não vejo como escapar à conclusão de que de todo modo isso acontece. 

A fé, como apresentada na Bíblia, é confiança em Deus e em seu Filho Jesus Cristo. É a resposta da alma ao caráter divino, como revelado nas Escrituras, e mesmo esta resposta é impossível sem a operação do Espírito Santo. A fé é um dom de Deus à alma arre­pendida e nada tem a ver com os sentidos ou à informação por eles prestada. A fé é um milagre; é a capacidade dada por Deus para que confiemos em seu Filho, e qualquer coisa que não resulte em ação segundo a vontade de Deus não é fé, mas algo inferior a ela. 

A fé e a moral são dois lados da mesma moeda. A moral é de fato a própria essência da fé. Qualquer fé em Cristo como Salvador pessoal que não submeta a vida da pessoa à obediência completa a Cristo é insuficiente e irá trair sua vítima no final. 

O homem que crê obedecerá; a falha em obedecer é uma prova convincente de que não existe verdadeira fé. A fim de tentar o im­possível Deus deve conceder fé, caso contrário ela não existirá, e Ele só concede fé ao coração obediente. Há obediência quando há arre­pendimento; pois este não é apenas tristeza pelos erros e pecados do passado, mas também uma decisão de começar a fazer desde agora a vontade de Deus como revelada por Ele a nós.

Um comentário:

  1. EU CREIO QUE SÓ EXISTE UM NOME PARA CLASSIFICAR *DEUS* EU SOU O GRANDE EU SOU*** ESTÁ ESCRITO!
    AÍ DIZ TUDO; ÊLE É W NÃO HÁ OUTRO DEUS QUE POSSA SE COMPARAR E ÊLE.
    A MSN DA CRUZ É ONDE VOU VOU SEGUINDO OS PASSOS DE JESUS COMO MEU ALVO DE VIDA. AMEM!

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