sábado, 3 de dezembro de 2011

A Responsabilidade da Liderança - A.W.Tozer

A história de Israel e Judá aponta uma verdade ensinada cla­ramente por toda História, isto é, que as massas são ou logo serão aquilo que seus líderes forem. Os reis estabelecem a moral para o povo.


O público jamais tem capacidade de agir em massa. Sem um líder ele fica acéfalo e um corpo sem cabeça não tem poder. Alguém precisa sempre liderar. Nem mesmo a multidão empenhada em sa­quear e destruir é tão desorganizada quanto parece. Em algum ponto. por trás de toda violência, existe um líder cujas idéias ela está pondo em prática. 

Israel rebelou-se algumas vezes contra os seus líderes, mas as rebeliões não foram espontâneas. O povo simplesmente voltou-se para um novo líder e seguiu-o. O ponto está em que eles sempre precisaram de um líder. 

O povo em breve seguia a liderança do rei, qualquer que fosse o seu caráter. Eles seguiram Davi na adoração a Jeová, Salomão na construção do Templo, Jeroboão que fez o bezerro e Ezequias na restauração do culto no templo. 

Não é um elogio feito às massas o fato de serem tão facilmente levadas, mas não estamos interessados em louvar ou acusar; nossa preocupação é com a verdade, e a verdade é que as pessoas religiosas seguem os líderes, quer eles sejam bons ou maus. Um homem bom pode transformar o caráter geral de todo um país, enquanto um clero corrupto e mundano pode levar o país à escravidão. O pro­vérbio às avessas: "Tal sacerdote, tal povo", resume em quatro pa­lavras uma verdade ensinada claramente nas Escrituras e demonstrada repetidamente na história da religião. 

O cristianismo no mundo ocidental de nossos dias é aquilo que seus líderes foram no passado recente e está se tornando aquilo que seus líderes atuais são. A igreja local logo se assemelha ao seu pas­tor, e isto é verdade mesmo naqueles grupos que não crêem nos pastores. O verdadeiro pastor de tal grupo não é difícil de ser identi­ficado, geralmente é aquele que apresenta o argumento mais forte contra qualquer igreja que lenha um pastor. O líder opinoso da igre­ja local que tem êxito em influenciar o rebanho mediante ensino bíblico ou palestras improvisadas nas reuniões públicas é realmente o pastor, não importa quão sinceramente negue isso, 

As péssimas condições das igrejas modernas podem ser traçadas diretamente aos seus dirigentes. Quando, como às vezes acontece, os membros de uma igreja local se amotinam e despedem o pastor por pregar a verdade, mesmo assim estão seguindo um líder. Por trás dessa atitude é certo que se encontra um diácono ou presbítero car­nal (e geralmente abastado) que usurpa o direito de decidir quem deve ser o pastor e o que ele deve dizer duas vezes cada domingo. Em tais casos o pastor fica incapacitado para guiar o rebanho. Ele simplesmente trabalha para o líder. Uma situação deveras penosa. 

Certos fatores contribuem para uma liderança espiritual defei­tuosa, tais como: 

1. Medo. O desejo de ser amado e admirado é forte até mes­mo entre o clero. Portanto, em lugar de contrariar a opinião pública, o pastor sente-se tentado a manter-se inativo e apenas sorrir amávelmente para as pessoas, "O temor do homem se transforma em arma­dilha", diz o Espírito Santo, e isso fica demonstrado no ministério mais do que em qualquer outro setor. 

2. As dificuldades financeiras. O ministro protestante quase nunca é bem pago e a família do pastor geralmente é grande. Com­bine esses dois fatos e você tem uma situação ideal para criar pro­blemas e tentações ao homem de Deus. A tendência da congregação de suspender as ofertas quando o pregador toca em seus pontos fracos é bem conhecida. O pastor vive no geral de ano para ano, quase não conseguindo saldar seus compromissos mensais. Propor­cionar à igreja uma liderança moral vigorosa representa quase um convite aos problemas financeiros e o pastor então a retém. O mal é que a liderança retida transforma-se de fato numa espécie de liderança ao inverso. O homem que não leva suas ovelhas montanha aci­ma, as faz descer sem que o saiba. 

5. Ambição. Quando Cristo não é tudo em todos para o minis­tro, este é tentado a abrir caminho para si mesmo, e agradar a mul­tidão é um meio já provado de subir nos círculos da igreja. Em vez de guiar os fiéis para onde devem ir, ele habilmente os leva aonde sabe que eles querem ir. Ele aparenta então ser um líder ousado. mas evita ofender quem quer que seja, assegurando assim um cargo privilegiado quando a igreja grande ou a posição mais elevada se oferecerem. 

4. Orgulho intelectual. Os círculos religiosos infelizmente ren­dem culto à inteligência. Mas isto, em minha opinião, não passa de puro estilo "rebelde". Do mesmo modo que o "rebelde" apesar de seus fortes protestos de individualismo é um dos conformistas mais servis, o jovem intelectual no púlpito treme em seus sapatos bri­lhantes com medo de dizer algo banal ou comum. Os fiéis esperam que ele os leve às verdes pastagens, mas em vez disso ele os guia em direção ao deserto. 

5. Ausência de verdadeira experiência espiritual. Ninguém pode levar outros para além do ponto em que ele mesmo já chegou. Isto explica a falha na liderança de muitos ministros. Eles simplesmente não sabem para onde ir. 

6. Preparo insuficiente. As igrejas estão cheias de amadores re­ligiosos, culturalmente desclassificados para servirem no altar, e o povo sofre as conseqüências disso, As ovelhas são desviadas sem se aperceberem do que está acontecendo, 

As recompensas da liderança santa são tão grandes e as respon­sabilidades do líder tão pesadas que ninguém pode deixar de levar a sério esse assunto.

3 comentários:

  1. É a mais pura verdade, e espelho da realidade em muitos lugares. Dou graças a Deus pelo líder que temos, que Deus o proteja dele mesmo (homem), e o preencha de Só (Deus).

    ResponderExcluir
  2. E bem prático e acessível ao entendimento.

    ResponderExcluir